De tanta noite que dormi contigo, no sono acordado dos amores, de tudo que desembocamos em amanhecimento, a aurora acabou por virar processo.Mesmo agora quando nossos poentes se acumulam, quando nossos destinos se torturam, no acaso ocaso das escolhas, as ternas folhas roçam a dura parede.
Nossa sede se esconde atrás do tronco da árvore e geme muda de modo a só nos ouvirmos.
Vai assim seguindo o desfile das tentativas de não, o pio de todas as asneiras, todas besteiras que se acumulam em vão ao pé da montanha para um dia partirem em revoada.
Ainda que nos anoiteça, tem manhã nessa invernada.
Violões, canções, invenções de alvorada...
Ninguém repara, nossa noite está acostumada.
Elisa Lucinda








Amigo é feito casa que se faz aos poucos e com paciência pra durar pra sempre, mas é preciso ter muito tijolo e terra, preparar reboco, construir tramelas, ter a sapiência de um joão-de-barro que constrói com arte a sua residência. Há que o alicerce seja muito resistente, que à chuva e aos ventos possa proteger. E há que fincar muito jequitibá e vigas de jatobá e adubar o jardim e plantar muita flor, toiceiras de resedás. Não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar que os cabelos brancos vão surgindo que nem mato na roceira que mal dá pra capinar e há que ver os pés de manacá cheios de sabiás sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis choro de imaginar! Pra festa da cumieira não falte os violões. Muito milho ardendo na fogueira e quentão farto em gengibre aquecendo os corações